25 agosto, 2010

Trendsetters e Brasilidade

Quando um tema começa a despertar o interesse geral, os sabichões de plantão (também chamados trendsetters) logo o apontam como tendência. Foi assim há dois ou três anos, quando o mundo começou a observar a China a partir da organização dos Jogos Olímpicos. De repente nosso repertório visual passou a incorporar diversos signos da cultura chinesa, que por sua vez inspiraram designers de produtos e interiores.

Depois foi a vez da África, especialmente da África do Sul, promovida à jabulani da vez com a organização do Campeonato Mundial de Futebol. A conhecida diversidade cultural africana, que tanto fascina e inspira a criação de produtos em diversos segmentos, levou uma das mais reconhecidas marcas de mobiliário - Moroso – a mergulhar nesse manancial para desenhar sua linha de sofás e poltronas 2009. Em 2010 a novidade Moroso foi a coleção M’Afrique, uma linha de assentos assinada por Dominique Petot.

De agora em diante os olhares do mundo se voltarão para o Brasil, realizador do próximo Pan e da Copa 2014. Esta é uma ótima oportunidade para a indústria moveleira nacional investir em produtos que reflitam nossa diversidade, nossas riquezas, nossa Brasilidade. E ao contrário do que pensam muitos empresários, um produto com estas características não precisa ser conceitual. Ao contrário, pode e deve ser comercial e competitivo, resultado do bom design.

Enquanto o Brasil acredita ter que descobrir a milagrosa receita do design de sucesso com os países europeus, o que se vê hoje na Europa é uma enorme atenção voltada a tudo aquilo que nos representa como imagem. Em diversos locais ao redor do mundo nota-se uma verdadeira sede de consumo pelos produtos que nos caracterizam como nação. A cara brasileira como sinônimo de calor, cor e matéria já está sedimentada no imaginário coletivo e o design brasileiro está em alta nos quatro cantos do mundo.



Mesa Bandeira - Design Silvia Grilli

Mas buscar a essência do que se convencionou chamar caráter nacional - aqueles traços que explicam uma série de comportamentos que costumamos encarar com naturalidade mas que, quase sempre, causam surpresa entre os estrangeiros – não tem sido tarefa fácil para os designers tupiniquins. 

O design made in Brazil tem muitas caras, cada uma representando a cultura e os valores da região onde nasceu. O bom design brasileiro deve traduzir essa cultura e valores fugindo do estereótipo, do exotismo e da extravagância cercam nossa imagem no exterior. 

Este conteúdo é parte da palestra ministrada no ciclo Design Essencial 2010, do Senac-SP
http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?tab=00002&newsID=a17733.htm&subTab=00541&uf=&local=&testeira=453&l=&template=&unit

Este artigo também foi publicado no http://www.designbrasil.org.br/artigo/trendsetters-e-brasilidade-2